14 fevereiro 2022

CURITIBANOS DE OUTRORA

Hélio Campos

Curitibanos de ontem, Curitibanos de antigamente, a velha Vila cujos limites a gente percorria em menos de 5 minutos.

O gramadão em frente da igreja matriz, palco de tantas “peladas” memoráveis.

A venda do seu Napoleão, do seu Severiano, do Waldemar Ortigari…

Como não recordar?  Curitibanos de outrora…

Curitibanos de tanta gente querida e amiga.

Dos meus padrinhos Chiquinho Costa e tia Alcídia, do Alfredo Costa, Delegado, de enormes  bigodes, imponente na sua mula bem selada.

Do Antônio Campos, meu pai, meu amigo.

Do Leopoldo Arruda, sempre implicando com os gringos e os caboclos, procurando esconder atrás de sua carranca e mordacidade, um grande coração.

Da dona Zeca, professora incomparável.

Como não recordar? Curitibanos de “outrora”…

Da Irmã Irene, da Irmã Florentina!

Do Frei Justino, Franciscano humilde dentre os mais humildes que às vezes bebia mais vinho que o permitido pela liturgia? …

Quanta recordação, quanta saudade, meu Deus!

Curitibanos do coronel Graciliano, e seu inseparável Cognak Macieira.

Das partidas de bilhar do seu Milico, do seu Antônio Macedo, do velho Paulino Pereira, “carambolas duas…,  carambolas três”…

Das rodadas de pôquer, cuja figura principal era sempre o tio Lucas, perdendo e brigando!

Do sempre “jovem” guarda-linha João Carlos, nos bailes de arrabalde e do Clube  7…

Curitibanos de outrora, das carroças do Duca Wagner, do cinema do Garcia, a gurizada toda, 30 ou 40, percorrendo as ruas: hoje tem cinema, falado, cantado e musicado…

Como não Recordar?

Do casamento da cigana, filha de D. Miguel, Curitibanos inteiro nas barracas, o Juiz, o Prefeito e o Delegado, todos prestigiando o acontecimento, bebendo, comendo e dançando…

Do circo do Pimenta!  Que festa meu Deus…

Nós crianças tínhamos medo do leão ( seu urro era ouvido em toda a extensão da Vila) mas a gente vibrava com as estripulias do palhaço e se apaixonava, invariavelmente, pela filha do diretor do circo, a trapezista, morena de olhos sonhadores.

Curitibanos das festas do Divino, dos fogos de morteiro, da Banda do seu Candinho…

Curitibanos, nós sentimos saudades do teu passado; mas temos orgulho do teu presente, e uma confiança enorme no teu futuro.


ALMEIDA, Coracy Pires de. Nossa Terra, Nossa Gente. Gráfica Comercial. Curitibanos/SC. Dezembro de 1968. p. 36 e 37.

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